segunda-feira, agosto 16, 2010

GRAFFITI










Música: Júlio Pereira
Letra: Tiago Torres da Silva
Desenhos: Tiago Taron












LÁGRIMAS DE MADRID
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Olga Cerpa

una mañana más
una copa demás
una mirada más
un nuevo guión

más... um poquito más
un pensamiento más
la falta de compás
en una canción

con una sonrisa
te quiero
con una sonrisa
te dejo
y te robo la lágrima que intento callar
desde que te conoci

anoche me olvidé
de aquello que empecé
cuándo vi que no sé
a quien desear

poco a poco, sali
de las calles de aquí
el sudor de Madri
tiene algo de mar...

pasé la noche entera
buscando el placer
pasé la noche entera
sin ti
pasé la vida entera
buscando el placer
y en la vida entera
llamé por ti


MAGIA IMAGINAÇÃO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Maria João

Na  primeira manhã, quem vem lá?, quem tem medo?
Meu nome é Peter Pan, mas pra já  é segredo
A magia, a imaginação
Que eu trazia na minha mão

Na manhã a seguir, o lugar, o segundo
Sou de Alcácer-Quibir, sou do mar, sou do mundo
A magia, as voltas do Marão          
Que eu trazia no meu refrão

Não sei pedir-te por favor
Só te sei falar
Com gestos e com palavrões
E seja lá isso o que for
Eu não vou ficar
A falar com os meus botões

A magia, a imaginação
Que eu trazia na minha mão

Na terceira manhã, o olhar, o chuveiro
Vou morder a maçã, vou estudar o teu cheiro
A magia, a força de Sansão
Que eu trazia no coração


DEBAIXO DA LÍNGUA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Marisa Liz













Eu às vezes não sei o que hei-de dizer
sou refém da palavra que me quer fugir
prendo o salto no verbo que deve ser
ou tropeço no nome a seguir

'stá debaixo da língua
brincando às 'scondidas com o coração
'stá debaixo da língua
parece que vai aparecer ou parece que não

e depois... e porém... e não sei... talvez
fico muda... repito tim-tim-por tim-tim
sinto o chão a tremer debaixo dos pés
e gaguejo ou qualquer coisa assim

'stá debaixo da língua
tão longe e quem sabe ao alcance da mão
'stá debaixo da língua
parece que já me lembrei ou parece que não

(desato a rir
não lembro de mais nada
eu desato a rir
o fio escapa à meada
eu desato a rir
e sim, e coisa e tal
eu sei lá)

sobe o pano, o actor quando cai em si
não se lembra da fala e não sabe o que é
fecha os olhos, diz “to be or not to be”
e o público aplaude de pé

'stá debaixo da língua
atada à cortina e ao projector
'stá debaixo da língua
talvez amanhã ela volte a ligar ao actor

(desato a rir
não lembro de mais nada
eu desato a rir
o fio escapa à meada
eu desato a rir
e sim e coisa e tal
eu sei lá)


CASA DAS HISTÓRIAS para Paula rego
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Manuela Azevedo

Sei que existe um lugar
entre a noite e a luz
onde os meninos andam nús
dentro e fora do mar

Há um gato a tocar
há um cão que é mulher
e um corvo a querer voar
de um desenho qualquer

Uma casa no campo
uma voz, um centauro
e as asas de um anjo
que as bruxas quiseram tecer ao contrário

A rapariga tem
que engolir sem um ai
mais um pássaro que é também
o seu filho e o seu pai

No jardim de Crivelli
ao som de traviattas
os meninos perdidos
descansam no colo gentil dos piratas

Onde estás?
quem me faz
um feitiço?

O macaco vermelho
vai batendo à mulher
e eu vejo-me ao espelho
será que o macaco irá morrer velho?


DIZ QUE DIZ
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Sara Tavares












Diz quem sabe que o calor vai aumentar
diz quem pode que os impostos vão subir
e a gente a duvidar
se foi isto que Deus quis
ou é o refrão que ao chegar
diz que diz

Fala quem fala e quem sempre falou
fala quem gosta de falar
e a vizinha que jamais se calou
diz que me viu a namorar
que o sol se apagou
o tempo mudou
o mundo acabou

Diz o povo que o futuro vai chegar
diz a sorte que o senão vem a seguir
e a gente a perguntar
se não dá pra ser feliz
ou é o refrão que ao chegar
pede bis

Fala quem fala e quem sempre falou
fala quem gosta de falar
e a vizinha que jamais se calou
diz que me viu a namorar
o dia voltou
o tempo passou
o mundo girou


FITISERA DI KLARIDON
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Nancy Vieira













ó alma stranhu,ó flor di séu
ó vos dI nha boka
ligria e bu mon na di meu
na pás y na rávolta

ken ki ka ten dór
ken ki ri di tras
ken ki ri midjor
ka ta txora

odju kastánhu, odju di amor
se sinturinha sabi
róstu rodóndu, boka di flor
pa bo papiar doxi

ken ki ka ten dór
ken ki ri di tras
ken ki ri midjor
ka ta txora

kada un kon se mudjer
pa badja y canta
kada un kon otu korasón
lua xeia 'stá na séu
y mudjer ta bira
fitisera di klaridon

bejus, abrásus, rispirason
y un noti strélado
sonbras, ralánpus y kóre mon
na un korpu enkantádo

ken ki ka ten dór
ken ki ri di tras
ken ki ri midjor
ka ta txora


O QUE EU QUISER
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Dulce Pontes

Quem acorda mais cedo vai vender saúde
e quem vai dormir cedo há-de crescer
o que será de mim que tenho por virtude
ver o sol avisar que vai nascer?

Não vou ouvir
o que ninguém diz
e vou dormir
quando eu quiser

grão a grão a galinha vai enchendo o papo
e eu fico a pensar o tempo inteiro
o que será de quem dá tudo por um trapo
ao chegarem os saldos de janeiro?

Não vou ouvir
o que ninguém diz
e vou vestir
o que eu quiser

ando sob a chuva porque eu quero andar
grito porque é moda proibir gritar
eu não sei... eu não sou... mas quando olho para mim
não cheguei... não vou... mas eu estou bem assim

se quem semeia ventos colhe tempestades
eu prefiro plantar mil furacões

não vou ligar
ao que ninguém diz
e vou fazer
o que eu quiser

o que eu quiser!


UM FINAL FELIZ
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Sofia Vitória














Ruas por andar
Poemas que não li
Não penso em acabar
Aqui

Tenho medo de ir
Não sei se sou capaz
E o tempo a sorrir
Por trás

Onde a porca torce o rabo
É na sorte e no azar
Porque eu sinto que me acabo
Quando estou a começar...

… o meu jornal
O mundo por um triz
Mas vai ter um final
Feliz

A dor e o prazer
Um dia vão ter fim
Só que eu não vou viver
Assim

Onde a porca torce o rabo
É na sorte e no azar
Porque eu sinto que me acabo
Quando estou a começar

Aquém ou além
Aqui ou ali
Alguém ou ninguém
Por mim ou por ti
Da terra ou do mar
Ser um ou ser dois
Comer ou calar

A dor e o prazer
Um dia vão ter fim
Só que eu não vou viver
Assim

Ruas por andar
Poemas que não li
Não penso em acabar
Aqui

Onde a porca torce o rabo
É na sorte e no azar
Porque eu sinto que me acabo
Quando estou a começar

Aquém ou além
Aqui ou ali
Alguém ou ninguém
Por mim ou por ti
Da terra ou do mar
Ser um ou ser dois
Comer ou calar
Agora ou depois...


MUROS DE BERLIM
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Filipa Pais













O meu nome foi pintado
Sobre os muros de Berlim
O nome que me foi dado
Foi grafittado em latim
E não foi apagado
Nunca vai ter fim
Está por todo o lado
Só não está em mim

Nas paredes de Lisboa
Nos telhados pendurado
Nas cavernas de Foz Côa
Nos grafittis do Chiado
Um nome de pessoa
Que ao ser recordado
Deixa a alma à-toa
Do seu próprio fado

Talvez a gente acredite
Que o muro foi derrubado
A alma é um grafitti
Nas nossas mãos desenhado
O sonho é que permite
Que um muro caiado
Tenha por limite
O céu grafittado


É UM DIA SIM, É UM DIA NÃO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Júlio Pereira
Intérprete: Luanda Cozetti












E aí?
O avião abranda
A saudade voa
O medo ciranda
Sou uma pessoa
Sul-americana
Bom dia, Lisboa
Meu nome é Luanda

tudo igual
o chôpe na pressão
a imperial
arroz e feijão
Brasil, portugal
a mesma nação
o Senhor do Bonfim
feito uma canção

E aí?
Cadê o pessoal?
O índio tupi?
O hino nacional?
O voo do colibri?
Etcétera e tal…
Cadê o Cariri?
Cadê o Carnaval?

É um dia sim, é um dia não

É o guaraná
É o metrô
Mas a festa, oh pá,
Não acabou
Salve Iemanjá
Oxum e Xangô
A flor do alecrim
Jamais murchou

É um dia sim, é um dia não
É o pé que dança o baião
É um dia sim, é um dia não
É a cara do furacão
É um dia sim, é um dia não
É o pé que dança o baião
É um dia sim, é um dia não
É a voz que canta com paixão

O Cais do Sodré
Fado maior
O samba no pé
O meu suor
Trabalho pra ter
Um mundo melhor
Que vai do Abaeté
A Montemor

Me sinto mais viva
Não sei porquê
Misturo a saliva
Com você
E viro nativa
De um lugar… cadê?
Filha adoptiva
Do prazer



* Fotos de João Passos