letras k escrevi p/ a música de alz. espíndola,andré mehmari,carlos gonçalves,chico césar,chico saraiva, cust.castelo,d.gouveia,dina,diogo clemente,fábio tagliaferri,fernando girão,fernando júdice,francis hime,iara rennó,ivan lins,jorge palma,josé cid,josé peixoto,julio pereira,luiz felipe gama,mingo rangel de andrade,olivia byington,paulo paz,pedro pinhal,pedro jóia,pedro luis,pilar homem de melo,rabih abou kalil,rão kyao,rui veloso,swami jr.,tetê espíndola,zeca baleiro e zé paulo becker e.o.
quinta-feira, dezembro 30, 2004
Deusa mulata
DEUSA MULATA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Chico César
Intérprete: Né Ladeiras no cd "Da minha voz"
Intérprete: Uxia no cd "Cantos da maré"
Se lembrares o tempo em que fui índia
Vais ouvir o grito de cada fera
Linda linda linda
Linda eu era
Eu era fruto
Era nudez
Era um minuto
Que se desfez
Hoje eu sou luto
Erea uma vez
O que é que a mulata tem no pé?
Candon candon candon candon
candomblé
a surpresa de eu ser branca agora diz-te
do grito que no meu coração flui
triste triste triste
triste eu fui
eu sou saudade
uma quimera
mudei de idade
fiquei quem era
sou a cidade
que não se espera
O que é que a mulata tem no pé?
Candon candon candon candon
candomblé
se tu lembras eu fui negra e fui criança
nos olhos trago um sorriso nagô
dança dança dança
dança eu sou
eu era mão
era senzala
era um irmão
era uma fala
uma canção
que não se cala
O que é que a mulata tem no pé?
Candon candon candon candon
candomblé
e agora que sou índia negra branca
cidade senzala mata
deusa deusa deusa
deusa mulata
eu sou um dia
que vai nascer
avé-Maria
igarapé
sou alegria
muito mulher
O que é que a mulata tem no pé?
Candon candon candon candon
candomblé
domingo, dezembro 26, 2004
The end
THE END
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Põe um bocadinho mais alto"
Eu sei que você me entende
ou que já me entendeu
que procura um happy end
como eu
Mas já tive a minha dose
só que agora dá pra ver
vou viver La vie en rose
com você
Vou talvez te dar meu sangue
cada um dá o que pode
num filme de bang-bang
oh my god
E se os dois já estamos nús
um ensina, o outro aprende
vamos apagar a luz
The end!
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Põe um bocadinho mais alto"
Eu sei que você me entende
ou que já me entendeu
que procura um happy end
como eu
Mas já tive a minha dose
só que agora dá pra ver
vou viver La vie en rose
com você
Vou talvez te dar meu sangue
cada um dá o que pode
num filme de bang-bang
oh my god
E se os dois já estamos nús
um ensina, o outro aprende
vamos apagar a luz
The end!
terça-feira, dezembro 21, 2004
Feita pra dançar
FEITA PRA DANÇAR
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Ricardo Gouveia
Intérprete: Dazkarieh no cd "Dazkarieh"
Dizem que quem tem esp'rança
algum dia há-de alcançar
mas às vezes já me cansa
este tempo de esperar
É indo devagar
que o longe se torna perto
mas a ânsia de chegar
põe-me o passso mais aberto
Grão a grão a galinha
enche o papo até meio
mas a da vizinha
já o tem cheio
Quem sabe urdir um cesto
também vai fazer cem
e mal faço um gesto
abraço alguém
Dizem que quem tem esp'rança
algum dia há-de alcançar
mas às vezes já me cansa
este tempo de esperar
e descubro por vingança
que fui feita pra dançar
mas se não começa a dança
sou capaz de me zangar
que a rosa já foi criança
mas depressa há-de murchar
Quem semeia ventania
há-de colher temporais
mas eu semeio alegria
pra colher um pouco mais
quinta-feira, dezembro 16, 2004
A ilha
A ILHA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Miguel Ramos (Fado Alberto)
Intérprete: Tereza Tarouca no espectáculo "Preço único"
Vim aqui morrer e não sabia
mas foi isso, para isso vim aqui
ah, e se eu pudesse morreria
que eu vim aqui morrer e não morri.
Este mar... este mar onde me afundo
é o mar onde à morte eu tinha sido
o que ela tem por ntraz - o Céu!, o Mundo!
vim morrer e talvez tenha morrido
Não, não morri, não fui capaz
mas este foi o sítio que escolhi
para morrer... para morrer em paz
voltei cá uma vez e não morri
Ficaria feliz meu corpo morto
porque aqui tudo é o que antes era
porque atrás do mar num qualquer porto
existe alguém sentado à minha espera
Ai, amor!, não me esperes nesse cais
que eu não sei quem tu és mas sei de ti
e eu queria ficar, não posso mais,
que eu vim aqui morrer e não morri!
segunda-feira, dezembro 13, 2004
Amor e uma guitarra
AMOR E UMA GUITARRA
Letra: Tiago Torres da Silva/música: Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd Não quero saber"
luar de uma nova lua
viver inventando sóis
não sei se é de eu ser tua
mas o corpo flutua
ao ser dois
cantar e o riso da plateia
tocar tocando-me a mim
ter uma boa ideia
pousar os pés na areia
ir sem fim
compor comovida por poder aprender
o amor como vida dentro em mim a nascer
compor
amor
amor e uma guitarra
canções - ondas para ti
e o beijo que se agarra
à cor da nossa cara
e sorri
viver, apenas viver
e ser ainda capaz
de me surpreender
com o dia a nascer
ser a paz
compor comovida por poder aprender
o amor como vida dentro em mim a nascer
compor
amor
sexta-feira, dezembro 10, 2004
Sol de Néon
SOL DE NÉON
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pedro Jóia
Intérprete: Pedro Luis e a Parede no cd "Jacarandá"
Tem gente que o luar abriga
E dorme mais do que come
Tenta convencer a barriga
Que o sono adormece a fome
Tem gente que por mais que durma
Não deixa de estar acordada
Sabendo que pertence à turma
Das vidas que não valem nada
É gente de Copacabana
Que faz do jornal édredon
Pra quem tanto faz ir em cana
Ou dormir num sol de néon
Tem gente que vive de noite
Tem putas e tem travestis
Com um corpo de silicone
E alma de buritis
Tem gente que brilha no Centro
Como se a rua fosse um palco
E que a polícia leva dentro
Por um pouco de pó de talco
É gente que abre o sorriso
Com a navalha de um batôn
Sabe que viver é preciso
Na fúria de um sol de néon
Tem gente que fuma maconha
Tem gente que pra ser feliz
Prefere morrer de vergonha
Que não morrer por um triz
De noite tem gente que mata
De noite tem gente que morre
Tem gente que come sucata
E afoga a morte num porre
Tem guris de pau de fora
Tem velhos no Trianon
Que querem roubar numa hora
O brilho de um sol de néon
domingo, dezembro 05, 2004
última varina
ÚLTIMA VARINA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: J. Bragança (Fado das horas)
Intérprete: Mª João Quadros no cd "Maria João Quadros"
Quando a última varina
Se cansar de andar na lota
No dobrar de cada esquina
Vai morrer uma gaivota.
Recordando uma peixeira
No silêncio de um minuto
O mercado da Ribeira
vai vestir um véu de luto.
Quando já não se escutar
O gingar das suas ancas
Eu tenho de as procurar
Entre barcos e tamancas.
E vou onde o Tejo é vaga
Ele corre como um louco,
Rio que em si próprio naufraga
Pra ser mar dali a pouco.
No meu cesto não há peixe
Mas de tanto eu ter cantado
Talvez Lisboa me deixe
Ir apregoar o fado.
Porque uma cidade inteira
Escreveu no meu coração
Que a saudade é uma peixeira
Esquecida do seu pregão.
quarta-feira, dezembro 01, 2004
Invo-canção
INVO-CANÇÃO
Letra e música: Tiago Torres da Silva
Te amar
não te!
amar...
Teu amante
não teu!
amante...
Meu amor
não meu!
amor... amor... amor...
Letra e música: Tiago Torres da Silva
Te amar
não te!
amar...
Teu amante
não teu!
amante...
Meu amor
não meu!
amor... amor... amor...
sábado, novembro 27, 2004
Não quero saber
NÃO QUERO SABER
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Não quero saber"
Rua a rua vou sair
pra onde for
sem tocar nenhuma corda
que já sei de cor
dou-me ao mergulhar
ou roubo um beijo ao mar
não quero saber
tenho olhos só pra ver
Porta a porta quero entrar
e sei que vou
sem usar nenhuma roupa
que a moda cansou
ando sem andar
e perco-me a cantar
não quero saber
tenho alma só pra ser
E não quero saber
vem comigo
seguindo a gente
que ninguém quer saber
quarta-feira, novembro 24, 2004
Lisboa pequenina
LISBOA PEQUENINA
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Casal Ribeiro
Intérprete: Mariema no espectáculo "Preço único"
Intérprete: Linda Leonardo no cd "Mistery of fado"
Oh, Lisbos pequenina
és um pregão de varina
a menina dos meus olhos
põe-me um braço na cintura
dá-me um beijo com ternura
veste uma saia de folhos
Pus no dedo uma aliança
mandei vire uma criança
que é filha da Madragoa
outra linda assim não vejo
fui baptizá-la no Tejo
dei-lhe o nome de Lisboa
Lisboa, Lisboa
menina que canta
és uma canção
que o meu coração
leva na garganta
Lisboa, Lisboa
velhinha que ri
és um coração
que a minha canção
só canta pra ti
Ol, Lisboa tão velhinha
quando tu quiseres ser minha
vou queimar uma alcachofra
e tu rezas amiúde
na Senhora da Saúde
pra que o meu peito não sofra
Corri ao ver-te num grito
tão alegre, tão bonito
que parecia a própria vida
era a Amália a cantar
uma marcha popular
que descia a avenida
Lisboa, Lisboa
menina que canta
és uma canção
que o meu coração
leva na garganta
Lisboa, Lisboa
velhinha que ri
és um coração
que a minha canção
só canta pra ti
domingo, novembro 21, 2004
Desamparinho
DESAMPARINHO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Swami Jr.
Intérprete: Luciana Alves nos shows de Swami Jr
Intérprete: Zélia Duncan no cd "Outra praia"
Intérprete: Mª João Quadros no cd "Fado mulato"
Quando fico só
me dói uma tristeza
mulherando meu olhar
Desvendando o céu
à procura de luz
numa noite sem luar
Se você se vai
me mulato de dor
desconsigo de sorrir
Me vejo mindinha
em passos dorminhosos
me sozinhando ir
Desnasci de ter
me poentei de sol
me fiz noite e me luei
E agora que sou
o silêncio de ser
desaprendo o que ensinei
Mas o amor voltou
nos lábios outro nome
e no peito o teu carinho
Me deixei dormir
ao longo do teu sono
senti um desamparinho
sexta-feira, novembro 19, 2004
A mulher de granito verde
A MULHER DE GRANITO VERDE
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Chico César
Intérprete: Né Ladeiras no cd "da minha voz"
No meu jardim de algas e de sal
onde quem não se afoga morre à sede
repousa linda num banco de coral
a estátua de granito verde
Seria uma princesa, uma criada
ou uma dama?... uma mulher da rua?
não sei porque em granito trabalhada
a mulher verde... verde... está tão nua.
Nua demais pra morrer de frio
nua demais pra sentir vergonha
adormecida no que se esculpiu
sua alma de granito sonha
Ela balança o corpo ao vento
das almas que ao passar trazem o Dia
e ao senti-las a pedra em movimento
parece ir embora... mas não ia
Dança ou sou eu que danço em seu lugar,
sem ir ela segue mundo afora
nua demais pra ficar
e nua demais para ir embora
quarta-feira, novembro 17, 2004
Fado ao deus dará
FADO AO DEUS DARÁ
Letra:Tiago Torres da Silva/ Música: Fontes Rocha
Intérprete: Joana Amendoeira no cd "ao vivo em Lisboa"
Encontrei uma saudade
a pedir esmola na rua
perguntei-lhe: “Tens que idade?”
Ela disse: “Tenho a tua!”
Quando a mão esquerda crescia
à caridade de alguém
se um dos seus olhos sorria
o outro dizia Amén.
Erguia ao céu os dois braços
pedindo uma esmola a Deus
e apressava os seus passos
pra chegar depressa aos meus
Mas deixou-me ao Deus-dará
como um velho que descobre
naquela esmola que dá
uma razão pra ser pobre
Eu percorri a cidade
na ânsia de me ir embora
que quem dá esmola à saudade
nunca mais sabe onde mora
Vivo agora pelas ruas
mais secretas, mais sozinhas
a pedir saudades tuas
a quem tem saudades minhas
segunda-feira, novembro 15, 2004
Dar o dia
DAR O DIA
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Armando Machado (Fado Cigano)
Intérprete: Anamar no cd "M" e no cd "anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
O teu corpo traz a vida
como quem tem reflectida
a luz que as estrelas tecem
olha as pontas dos teus dedos
nelas guardam-se segredos
que só as estrelas conhecem
quando duas mãos se dão
o calor de cada mão
põe as almas a sorrir
mas se esta mão outra afasta
há um tempo que se gasta
uma luz por reflectir
se não a puderes fechar
pelo que tens para me dar
deixa a tua mão fechada
abre-a só ao estar vazia
porque dar-me-ás o dia
quando não tiveres lá nada
sexta-feira, novembro 12, 2004
Gaivotas na Bica
GAIVOTAS NA BICA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Azevedo
Intérprete: Marcha da Bica
Menina, se fôr à lota
não deixe de se alindar
às vezes uma gaivota
anda perdida do mar
Quando uma gaivota invade
um bairro com tradição
anuncia tempestade
dentro de algum coração
Olha a saudade!
Viva da Costa!
Paga metade
e leva mais uma posta
Um belo fado
pescado à linha
já vem escamado
e amanhado
é fresquinho e não tem espinha
que hoje o fado é congelado
e já nem cheira a sardinha
Menina, se quer um pargo
não tema dormir sozinha
que o pescador anda ao largo
só volta de manhãzinha
Menina, vá lá, náo deixe
que outro rapaz ande à pesca
que de manhã quando há peixe
é que a sardinha está fresca
Olha a saudade!
Viva da Costa!
Paga metade
e leva mais uma posta
Um belo fado
pescado à linha
já vem escamado
e amanhado
é fresquinho e não tem espinha
que hoje o fado é congelado
e já nem cheira a sardinha
Quando um pescador se fica
naufragado pelas chuvas
todas as mulheres da Bica
ficam um pouco viúvas
Na sina de ser peixeira
a Bica apregoa a dor
e ela própria é a traineira
que embala o seu pescador
Olha a saudade!
Viva da Costa!
Paga metade
e leva mais uma posta
Um belo fado
pescado à linha
já vem escamado
e amanhado
é fresquinho e não tem espinha
que hoje o fado é congelado
e já nem cheira a sardinha
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Azevedo
Intérprete: Marcha da Bica
Menina, se fôr à lota
não deixe de se alindar
às vezes uma gaivota
anda perdida do mar
Quando uma gaivota invade
um bairro com tradição
anuncia tempestade
dentro de algum coração
Olha a saudade!
Viva da Costa!
Paga metade
e leva mais uma posta
Um belo fado
pescado à linha
já vem escamado
e amanhado
é fresquinho e não tem espinha
que hoje o fado é congelado
e já nem cheira a sardinha
Menina, se quer um pargo
não tema dormir sozinha
que o pescador anda ao largo
só volta de manhãzinha
Menina, vá lá, náo deixe
que outro rapaz ande à pesca
que de manhã quando há peixe
é que a sardinha está fresca
Olha a saudade!
Viva da Costa!
Paga metade
e leva mais uma posta
Um belo fado
pescado à linha
já vem escamado
e amanhado
é fresquinho e não tem espinha
que hoje o fado é congelado
e já nem cheira a sardinha
Quando um pescador se fica
naufragado pelas chuvas
todas as mulheres da Bica
ficam um pouco viúvas
Na sina de ser peixeira
a Bica apregoa a dor
e ela própria é a traineira
que embala o seu pescador
Olha a saudade!
Viva da Costa!
Paga metade
e leva mais uma posta
Um belo fado
pescado à linha
já vem escamado
e amanhado
é fresquinho e não tem espinha
que hoje o fado é congelado
e já nem cheira a sardinha
quinta-feira, novembro 11, 2004
Grafitti
GRAFITTI
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Põe um bocadinho mais alto"
Grafitti no muro
dedo ensanguentado
um brilho no escuro
do céu pendurado
Uma alma cansada
com medo de tudo
rua escancarada
nas mãos de um miúdo
Gato ou bandido
com a mão no ar
é proibido
pintar
Não sei do que fala
é sonho ou é grito
que a polícia cala
num eco infinito
Talvez poesia
a pedir socorro
na cor que dizia:
se eu não mato, morro
Gato ou bandido
com a mão no ar
é proibido
pintar
Quando a Avenida
encontra o Marquês
estão todos na vida
de ser português
Um branco de gravata
do leste da Europa
um negro, uma mulata
uma puta, um tropa
Gato ou bandido
com a mão no ar
é proibido
pintar
E o menino pintor
vai noutra direcção
pra alterar a cor
dos muros da prisão
Faltou o principal
caiaram-lhe a garganta
Por baixo da cal
ele ainda canta
Gato ou bandido
com a mão no ar
é proibido
pintar
quarta-feira, novembro 10, 2004
Mar ausente
MAR AUSENTE
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Gonçalves
Intérprete: Nuno da Camara Pereira no cd "Fado à minha maneira"
A lua já vai alta e tu sozinha
cansada de esperar
e de seres minha
lembras as promessas que te fiz
não viste quem eu era
continuas à espera
e é essa espera que te faz feliz
Os beijos ao deitar
eram beijos, nada mais
tu ias alto-mar
sem eu sair do cais
As preces do teu corpo
para que eu não me esconda
és tu voltando ao porto
quando eu me tornei onda
Não vás à vidraça
nada aconteceu
o vulto que passa
posso não ser eu
não venhas prá rua
a cada momento
não digas "sou tua"
se só te ouve o vento
A lua já vai alta e eu sozinho
saudoso de sentir o teu carinho
regresso aos teus braços infantis
sem qualquer explicação
uma nova paixão
e os teus abraços fazem-me feliz
os beijos que te dou
são beijos, nada mais
do mar que em mim ficou
partilho os vendavais
Escuta a tempestade
que dentro de mim mora
se não fosse a saudade
eu nunca me ia embora
Não vás à vidraça
nada aconteceu
o vulto que passa
posso não ser eu
não venhas prá rua
a cada momento
não digas "sou tua"
se só te ouve o vento
segunda-feira, novembro 08, 2004
Último beijo
ÚLTIMO BEIJO
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Último beijo"
O amor é uma casa
a arder no fundo do mar
e eu um céu em brasa
hei-de cair, hei-de me afogar
O amor é um brinquedo
o medo da saída
o cofre sem segredo
a roca da bela adormecida
quem apagou a luz?
quem me deu o último beijo?
vê os meus olhos nús
dançam à meia-luz
não vejo
O sol incendiou-se
morreu a nossos pés
como se um beijo fosse
o canto das marés
O amor é uma menina
um búzio vindo do sol
que ecoa e ilumina
náufrago olhando a luz de um farol
O amor agora é Vénus
planeta a brincar de estrela
a dor é o de menos
o pior é eu não poder vê-la
quem apagou a luz?
quem me deu o último beijo?
vê os meus olhos nús
dançam à meia-luz
não vejo
O sol incendiou-se
morreu a nossos pés
como se um beijo fosse
o canto das marés
O meu último beijo
no teu último beijo
não acendas a luz
se vês, eu vejo
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Último beijo"
O amor é uma casa
a arder no fundo do mar
e eu um céu em brasa
hei-de cair, hei-de me afogar
O amor é um brinquedo
o medo da saída
o cofre sem segredo
a roca da bela adormecida
quem apagou a luz?
quem me deu o último beijo?
vê os meus olhos nús
dançam à meia-luz
não vejo
O sol incendiou-se
morreu a nossos pés
como se um beijo fosse
o canto das marés
O amor é uma menina
um búzio vindo do sol
que ecoa e ilumina
náufrago olhando a luz de um farol
O amor agora é Vénus
planeta a brincar de estrela
a dor é o de menos
o pior é eu não poder vê-la
quem apagou a luz?
quem me deu o último beijo?
vê os meus olhos nús
dançam à meia-luz
não vejo
O sol incendiou-se
morreu a nossos pés
como se um beijo fosse
o canto das marés
O meu último beijo
no teu último beijo
não acendas a luz
se vês, eu vejo
domingo, novembro 07, 2004
O meu palácio
O MEU PALÁCIO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Jorge Palma
Intérprete: Rita Ribeiro no cd "Deixo-me ir atrás do fado"
Pedra a pedra, construí um palácio
para o meu primeiro amor
pus um tapete vermelho
e esperei-o como um espelho
que reflecte a preto e branco
amei-o tanto
sem cor
O príncipe chegou
e quando pressentiu
que eu talvez fosse pedra
fugiu
Frase a frase construí um palácio
para o meu segundo amor
entre as rimas de um soneto
um retrato a branco e preto
que nos julgava mortais
amei-o mais
que a dor
O príncipe chegou
e quando pressentiu
que eu talvez fosse um verso
fugiu
No meu corpo vou construindo um palácio
como quem vê o sol pôr
feito apenas dos meus passos
dos desejos e abraços
que nos fazem não ter fim
amo-te sim
amor
O príncipe chegou
e quando pressentiu
que eu era uma mulher
sorriu
sexta-feira, novembro 05, 2004
Vou trair a solidão
VOU TRAIR A SOLIDÂO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Fado Porto (DP)
Intérprete: Mª João Quadros no cd "Maria João Quadros"
Intérprete: Julieta Estrela no Fado Acácio
Vou trair a solidão
e depois pôr a traição
no lugar da tua voz
por tristeza ou por cansaço
vou em busca do abraço
que me faz esquecer de nós
Talvez num breve segundo
se possa mudar o mundo
talvez, eu digo talvez...
mas sem saber se é verdade
que a solidão é saudade
do que a saudade me fez
O vulto que eu não olhei,
as mãos que eu não agarrei,
o corpo a que eu disse não...
já nem sei em que acredito
mas entre o dito e o não dito
vou trair a solidão
Não sei se a tua lembrança
é o vento que me lança
em ruas sem sol nem lua,
sem saber se isto é verdade
não vou trair a saudade
que tenho de ser só tua
quarta-feira, novembro 03, 2004
O cair da noite
O CAIR DA NOITE
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Não quero saber"
Intérprete: Pilar e Né Ladeiras no cd "Anamar, Né ladeiras e Pilar ao vivo"
Lua noite estrela
vou pró sul
onda tô a vê-la
azul
noite branca vento
vou pró mar
novo sentimento
luar
noite tempestade
vou dormir
cala-me a saudade
sorrir
noite atrás da lua
vou voltar
noite toda nua
sonhar
segunda-feira, novembro 01, 2004
Diadorim
DIADORIM
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Perguntei à nuvem
se ela era céu
adormeci
ela choveu
Chamei o sol
quis-lhe falar
ele fugiu
caíu no mar
Gritei à lua
se ela era noite
ela corou
fez-se minguante
Diadorim adormeceu dentro de mim
céu flor sol querubim
Diadorim adormeceu por fim
homem que és mulher em mim
domingo, outubro 31, 2004
O Tejo nasceu na Bica
O TEJO NACEU NA BICA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Azevedo
ntérprete: Marcha da Bica
Há quem diga que o rio Tejo
é filho de uma viela
pintada num azulejo
que em cada manhã eu vejo
sempre que espreito à janela
Por isso é que a minha rua
é de todas a mais rica
pois alguém ouviu a lua
a jurar de rua em rua
que o Tejo nasceu na Bica
Os marinheiros que se fizeram ao mar
levaram as vielas mundo fora
a caravela era um bairro popular
onde a tristeza é mal que não demora
Os mastros eram arcos enfeitados
o brilho das estrelas um balão
e o barulho das ondas eram fados
de uma sereia que se fez fadista em vão
Há quem diga a viva voz
não há gente como esta
porque baste dois de nós
cantarem a uma voz
para a Bica estar em festa
E há quem diga que Lisboa
de tão contente que fica
esquece o peixe que apregoa
esquece mesmo que é Lisboa
e vem dar o braço à Bica
Os marinheiros que se fizeram ao mar
levaram as vielas mundo fora
a caravela era um bairro popular
onde a tristeza é mal que não demora
Os mastros eram arcos enfeitados
o brilho das estrelas um balão
e o barulho das ondas eram fados
de uma sereia que se fez fadista em vão
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Azevedo
ntérprete: Marcha da Bica
Há quem diga que o rio Tejo
é filho de uma viela
pintada num azulejo
que em cada manhã eu vejo
sempre que espreito à janela
Por isso é que a minha rua
é de todas a mais rica
pois alguém ouviu a lua
a jurar de rua em rua
que o Tejo nasceu na Bica
Os marinheiros que se fizeram ao mar
levaram as vielas mundo fora
a caravela era um bairro popular
onde a tristeza é mal que não demora
Os mastros eram arcos enfeitados
o brilho das estrelas um balão
e o barulho das ondas eram fados
de uma sereia que se fez fadista em vão
Há quem diga a viva voz
não há gente como esta
porque baste dois de nós
cantarem a uma voz
para a Bica estar em festa
E há quem diga que Lisboa
de tão contente que fica
esquece o peixe que apregoa
esquece mesmo que é Lisboa
e vem dar o braço à Bica
Os marinheiros que se fizeram ao mar
levaram as vielas mundo fora
a caravela era um bairro popular
onde a tristeza é mal que não demora
Os mastros eram arcos enfeitados
o brilho das estrelas um balão
e o barulho das ondas eram fados
de uma sereia que se fez fadista em vão
sábado, outubro 30, 2004
Beijo alentejano
BEIJO ALENTEJANO
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Carlos Gonçalves
Intérprete: Nuno da camara Pereira no cd "Fado à minha maneira"
Intérprete: Nuno da camara Pereira e Vitorino no show "NCP no coliseu"
Dizem que no Alentejo
Tudo é feito devagar
E assim que termina a sesta
Só se pensa em descansar
E a gente não entende
A razão de tanta pressa
Se depois de cada noite
Há um dia que começa
Um beijo no Alentejo
É dado devagarinho
Que a gente sabe que um beijo
É muito mais que um carinho
Por isso é que quem cá vem
Tem pena de não ficar
Ao ver o gosto que tem
Um beijo dado devagar
Quando uma estrada começa
Os homens pensam assim
Vá devagar ou depressa
Um dia chega-se ao fim
E quando as mulheres mondam
olhando mais para além
Às vezes perdem os olhos
Na pressa que o amor tem
Um beijo no Alentejo...
Não foge a água da fonte
O sol demora a nascer
E até a erva do monte
Leva o seu tempo a crescer
Quem vier venha com calma
Porque olhando a nossa gente
Só lhe pode ver a alma
Quem não olhar de repente
Um beijo no Alentejo...
sexta-feira, outubro 29, 2004
Maré cheia
MARÉ CHEIA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Anamar
Intérprete: Anamar no cd "Transfado"
Sempre que o mar anuncia
uma nova tempestade
toda a maré se esvazia
todo o meu corpo se invade
daquele noite tão fria
E mergulhamos os dois
sem medo do temporal
como se o mar fosse um sol
a brilhar num vendaval
e os nossos olhos azuis
reluzem em cada vaga
como se dois corpos nús
se unissem em gota d'água
que numa onda de luz
afoga as ondas da mágoa
Quando a maré cede ao vento
o doce cair na areia
descubro em ti o relento
que protege quem se enleia.
Meu amor acolhe o vento
que eu acolho a maré cheia
quinta-feira, outubro 28, 2004
Eu não sabia
EU NÃO SABIA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Anamar e Armando Vieira Pinto (Fado Maldição)
Intérprete: Anamar no cd "Transfado"
Nem por ti nem por ninguém
subi ao monte mais alto
ia só por ser além
e a cada passo que eu dava
ouvia a voz do basalto
nas minhas veias de lava
Meu amor eu não sabia
que por trás do teu olhar
existe uma luz que é dia
existe um azul que é mar
meu amor eu não sabia
Enfrentei raios, trovões
dos meus pés fiz cada passo
da minha voz fiz canções
não temi lobos nem feras
e não morri de cansaço
à procura de quem eras
Meu amor eu não sabia
que por trás do teu olhar
existe uma luz que é dia
existe um azul que é mar
meu amor eu não sabia
Numa noite tão agreste
vi o sol dentro da lua
no abraço que me deste
e a noite adormeceu
descobrindo que sou tua
ao saber que tu és meu
Meu amor eu não sabia
ao cruzar o teu olhar
que um azul acontecia
como onda que abre o mar
meu amor eu não sabia
quarta-feira, outubro 27, 2004
País Oceano
PAÍS OCEANO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Ricardo Cruz e Anamar
Intérprete: Anamar no cd "Transfado"
O meu país é o mar
o meu país quem mo dera
porque esquecemos nadar
este chão é uma quimera
na ânsia de navegar
e as ondas todas à espera
Gaivota que bate a asa
e que vai pra nunca mais
à procura de uma casa
na rota de outros beirais
o rosto que nunca esqueces
o amor que nunca trais
o barco que anda aos ésses
sem nunca sair do cais
Sou um país-oceano
sou um país-ocidente
uma alma de cigano
que vai pró mar de repente
debaixo de um sol profano
as ondas todas são gente
Gaivota que bate a asa
e que vai pra nunca mais
à procura de uma casa
na rota de outros beirais
o rosto que nunca esqueces
o amor que nunca trais
o barco que anda aos ésses
sem nunca sair do cais
terça-feira, outubro 26, 2004
Fado em bom português
FADO EM BOM PORTUGUÊS
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Alfredo Marceneiro (Fado Laranjeiro)
Intérprete: Miguel Ramos no espectáculo "Casa de fado"
Portantos... uma canção
para a conseguir cantar
pode faltar coração
tem de se saber falar
Estas novas raparigas
ganham pra mais de cem contos
mas a sfadistas intigas
é que o sabem todo... e prontos
Mal ponho um disco a tocar
fico cheio de saudades
mas se hei-de ouvir a chorar
por certo tu também há-des
Quem canta o fado sentido
pode às vezes ver-se à rasca
para cantar o corrido
fora da luz de uma tasca
Porque é à luz de uma vela
com vinho do carrascão
que o fadista abre a jinela
pra dentro do coração
Inté já me têm dito
alguns de vossemecês
que o fado é hoje erudito
e fala bom português
segunda-feira, outubro 25, 2004
A meio-caminho
A MEIO CAMINHO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Põe um bocadinho mais alto"
Vivo a meio-caminho entre Marte e Lisboa
A bordo de um vaivém ou nua numa canoa
Queimada das estrelas ou da chama do fogão
Perdendo a gravidade em dois tragos de Esporão.
Às vezes dou comigo em reuniões lá em casa
A enrolar cigarros nos segredos da NASA
Sempre a meio-caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio-caminho entre a feira de Cascais
E as etiquetas caras dos centros comerciais
Ás vezes de Manhattan, outras vezes talibã
Vestindo uma burka num exclusivo Pierre Cardin
De dia em Ipanema, de noite no Bairro Alto
Nem sempre de havaianas nem de sapatos de salto
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre as nove e as dez
Parada ou correndo o mundo de lés-a-lés
Nuns dias anarquista, noutros dias liberal
Muitas vezes quaresma, muitas vezes carnaval
Numa hora quero chuva, na outra deito-me ao sol
Numas coisas Amália, noutras puro rock’n roll
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre um quadro de Rembrandt
E o primeiro raio que surge de manhã
Num ponto equidistante entre Cristo e Gandhi
Nem sempre Bethoveen e nem sempre Rita Lee
Numas vezes sou careta, noutras vezes imoral
Num instante feliz, noutro etcétera e tal
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
A MEIO CAMINHO (versão para o Brasil)
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Vivo a meio-caminho entre Marte e a Lagoa
A bordo de um vaivém ou nu na minha canoa
Queimado das estrelas ou da chama do fogão
Perdendo a gravidade em dois goles de ilusão.
Às vezes dou comigo em reuniões lá em casa
A enrolar cigarros nos segredos da NASA
Sempre a meio-caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio-caminho entre a feira de Ipanema
E as griffes destinadas às estrelas de cinema
Ás vezes de Manhattan, outras vezes talibã
Vestindo uma burka num exclusivo Pierre Cardin
De dia na Paulista, de noite em Copacabana
Nem sempre de sapato e nem sempre de havaiana
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre as nove e as dez
Parado ou correndo o mundo de lés-a-lés
Nuns dias anarquista, noutros dias liberal
Muitas vezes quaresma, muitas vezes carnaval
Numa hora quero chuva, na outra deito-me ao sol
Numas coisas Cartola, noutras puro rock’n roll
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre um quadro de Rembrandt
E o primeiro raio que surge de manhã
Num ponto equidistante entre Cristo e Gandhi
Nem sempre Bethoveen e nem sempre Rita Lee
Numas vezes sou careta, noutras vezes imoral
Num instante feliz, noutro etcétera e tal
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Põe um bocadinho mais alto"
Vivo a meio-caminho entre Marte e Lisboa
A bordo de um vaivém ou nua numa canoa
Queimada das estrelas ou da chama do fogão
Perdendo a gravidade em dois tragos de Esporão.
Às vezes dou comigo em reuniões lá em casa
A enrolar cigarros nos segredos da NASA
Sempre a meio-caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio-caminho entre a feira de Cascais
E as etiquetas caras dos centros comerciais
Ás vezes de Manhattan, outras vezes talibã
Vestindo uma burka num exclusivo Pierre Cardin
De dia em Ipanema, de noite no Bairro Alto
Nem sempre de havaianas nem de sapatos de salto
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre as nove e as dez
Parada ou correndo o mundo de lés-a-lés
Nuns dias anarquista, noutros dias liberal
Muitas vezes quaresma, muitas vezes carnaval
Numa hora quero chuva, na outra deito-me ao sol
Numas coisas Amália, noutras puro rock’n roll
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre um quadro de Rembrandt
E o primeiro raio que surge de manhã
Num ponto equidistante entre Cristo e Gandhi
Nem sempre Bethoveen e nem sempre Rita Lee
Numas vezes sou careta, noutras vezes imoral
Num instante feliz, noutro etcétera e tal
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheira/ Estrangeira/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
A MEIO CAMINHO (versão para o Brasil)
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Vivo a meio-caminho entre Marte e a Lagoa
A bordo de um vaivém ou nu na minha canoa
Queimado das estrelas ou da chama do fogão
Perdendo a gravidade em dois goles de ilusão.
Às vezes dou comigo em reuniões lá em casa
A enrolar cigarros nos segredos da NASA
Sempre a meio-caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio-caminho entre a feira de Ipanema
E as griffes destinadas às estrelas de cinema
Ás vezes de Manhattan, outras vezes talibã
Vestindo uma burka num exclusivo Pierre Cardin
De dia na Paulista, de noite em Copacabana
Nem sempre de sapato e nem sempre de havaiana
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra.
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre as nove e as dez
Parado ou correndo o mundo de lés-a-lés
Nuns dias anarquista, noutros dias liberal
Muitas vezes quaresma, muitas vezes carnaval
Numa hora quero chuva, na outra deito-me ao sol
Numas coisas Cartola, noutras puro rock’n roll
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
Vivo a meio caminho entre um quadro de Rembrandt
E o primeiro raio que surge de manhã
Num ponto equidistante entre Cristo e Gandhi
Nem sempre Bethoveen e nem sempre Rita Lee
Numas vezes sou careta, noutras vezes imoral
Num instante feliz, noutro etcétera e tal
Sempre a meio caminho entre a paz e a Terra
Ergo a minha espada porque estamos em guerra
Guerrilheiro/ Estrangeiro/ Em qualquer lugar/ A distância é o meu lar
domingo, outubro 24, 2004
Beijei as tuas mãos
BEIJEI AS TUAS MÃOS
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Gonçalves
Intérprete: Mª João Quadros no cd "maria João Quadros"
Beijei as tuas mãos na Beira-praia
fui barco em tempestade de alto mar
tu lutavas agarrado à minha saia
e eu já só teimava em naufragrar
e as minhas mãos encheram-se de mar!
Beijei as tuas mãos de olhos fechados
no teu sono abri o meu caminho
fiquei perdida entre lençóis bordados
e então adormeci devagarinho
e as minhas mãos encheram-se de linho!
Beijei as tuas mãos com olhos gastos
por pouco não morri nesse momento
porque os teus beijos todos eram castos
e eu queria o nosso amor feito ao relento
e as minhas mãos encheram-se de vento!
Beijei as tuas mãos... beijei-te todo
e em cada beijo a mais eu descobri
que se eras mar de sal, és mar de lodo
só não descubro porque não fugi
e as minhas mãos encheram-se de ti!
sábado, outubro 23, 2004
Rosa de lava
ROSA DE LAVA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Vasco Ribeiro Casais
Intérprete: Dazkarieh
Ser onda do mar
fez-me perceber
que posso acabar
sem ter de morrer
Ser rosa de lava
deixou-me supor
que quem me assassinava
agia por amor
Ser raio de luz
abriu-me ao prazer
de me descer da cruz
antes de nascer
Ser alma de fera
uivando de cio
salvou-me da quimera
que dói por um fio
Entre ser e não ser
não sei qual será a escolha
mas talvez vá escolher
um’alma novinha em folha
A seiva nas veias
- ser flor por um triz -
alimenta as ideias
do ser na raiz
A sombra das horas
que o mundo rodou
desamarra as escoras
do tempo que sou
O sal no olhar
ungiu-me da fé
que faz de mim um mar
pobre de maré
Mar ou labareda
que o fogo semeia
construindo a vereda
que a vida incendeia
--------
O sal no olhar
abriu-me ao prazer
de ser onda do mar
antes de nascer
A sombra de luz
deixou-me ser flor
e salvou-me da cruz
que dói por amor
A seiva nas veias
fez-me perceber
que posso ter ideias
sem ter de morrer
Uivando de fé
quem me assassinava
incendeia a maré
com rosas de Lava
Entre ser e não ser
não sei qual será a escolha
mas talvez vá escolher
um’alma novinha em folha
sexta-feira, outubro 22, 2004
Sereia
SEREIA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Jaime Cavalheiro (Fado menor do Porto)
Intérprete: Ney Matogrosso e Né Ladeiras no cd "Da minha voz"
Beira-mar à beira-areia
o azul do mar chamou-me
e na voz de uma sereia
ouvi dizer o meu nome
Beira-mar à beira-amor
perguntei-lhe quem mechama
ela disse que era a dor
que não pode amar mas ama
Beira-mar à beira-porto
gritou: a minha alma é tua
mas quando olhei o seu corpo
foi-se embora semi-nua
Beira a beirar solidão
durante dias chamei-a
e no mar do coração
ao longe escuto a sereia
quarta-feira, outubro 20, 2004
Fado calado
FADO CALADO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Anamar
Intérprete: Anamar no cd "M"
Alma que voz
um fado mudo
nós
tudo
Canto o abismo
imenso
baptismo
silêncio
Voz dos mantras
sagrada
alma que cantas
calada
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Anamar
Intérprete: Anamar no cd "M"
Alma que voz
um fado mudo
nós
tudo
Canto o abismo
imenso
baptismo
silêncio
Voz dos mantras
sagrada
alma que cantas
calada
terça-feira, outubro 19, 2004
Vou num rio
VOU NUM RIO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Armando Machado (Fado Licas)
Intérprete: Anamar no cd "Transfado"
Intérprete: Rita Ribeiro no cd "Deixo-me ir atrás do fado"
Intérprete: Né Ladeiras com música tradicional arménia no cd "Da minha voz"
Vou num rio pró mar e eu já fui rio
e o que já fui ainda sou agora
como fui água nunca sinto frio
porque fui mar nunca me vou embora
Vou sendo ar a revelar sementes
e beijo nuvens como sendo irmãs
levada pelas brisas ascendentes
respiro o céu de todas as manhãs
Filha do sol, do fogo e da saudade
vou sendo as vidas a que Deus me deu
e ao ir nesse fluir da eternidade
de fogo e sol eu visto as cores do céu
Mas por ter sido pedra, rocha e mar
sinto nas pedras o meu ser vazio
e agora como Deus me deu sonhar
sonho ser pedra... rocha... e vou num rio
segunda-feira, outubro 18, 2004
Ser só tua
SER SÓ TUA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Lara Li no cd "Último beijo"
Não me olhes como se eu fosse
uma princesa
um doce
uma beleza
de capa da Elle
pega apenas
nas minhas pernas morenas
vem expiar as minhas penas
no carmim da minha pele
Não esperes de mim uma escrava
um modelo
nem lava
nem gelo para derreter
um carinho
o batôn no colarinho
uma garrafa de vinho
pra brindar e pra esquecer
Não me ames como se eu fugisse
ou ficasse
nem miss
nem classe
nem mulher da rua
o destino
é o riso de um menino
baiá rerundô rerundô
por saber que eu sou só tua
Não me ames como se eu fugisse
ou ficasse...
domingo, outubro 17, 2004
Sozinha pelas ruas
SOZINHA PELAS RUAS
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Não quero saber"
Eugénia Melo e Castro no cd "poPortugal"
Eu ando nas ruas apenas pelo prazer de andar
um copo a mais às vezes faz-me tropeçar
sozinha vejo a noite a deitar-se entre nós dois
hei-de adormecer, dormirei depois
Eu saio pelas ruas só pra poder respirar
um beijo a mais às vezes faz faltar o ar
sozinha deixo a noite enrolada nos lençóis
hei-de voltar, voltarei depois
Eu grito nas ruas porque quero incomodar
um erro a mais às vezes faz alguém olhar
sozinha roubo à noite os acordes das canções
hei-de cantar, cantarei depois
sábado, outubro 16, 2004
Adormecer o fado
ADORMECER O FADO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pedro Jóia
Intérprete: Joanna no cd "Todo acústico"
Você entra nos meus sonhos
pedindo pra eu te sonhar
mas sempre que eu abro os olhos
você foi noutro lugar
Assim que eu desapareço
você quer sonhar comigo
então eu não adormeço
só pra não lhe dar abrigo
Vim te buscar
adormeci
ao acordar
já não te vi
Na insônia que me invade
com cigarros e café
é o medo da saudade
que me vai mantendo em pé
Mas o sono acaba vindo
quando o ciúme adormece
e meu amor é tão lindo
porque o sonho não te esquece
Vim te buscar
adormeci
ao acordar
já não te vi
Se a minha paixão encontra
os teus olhos de menino
só o meu sonho é que conta
pra fazer o meu destino
Por isso não adormeça
se eu não estiver a seu lado
porque um sonho que se esqueça
pode adormecer o fado
Vim te buscar
adormeci
ao acordar
já não te vi
Vim te buscar
adormeci
mas vou sonhar
que estás aqui
sexta-feira, outubro 15, 2004
Shah
SHAH
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Anamar
Intérprete: Anamar no cd "M"
Intérprete: Anamar no cd "Anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
Intérprete: Né Ladeiras no cd "Anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
Dos tempos em que fui terra
trago ideias como cores
o poder que ali se encerra
é o aroma que há nas flores
Dos tempos em que fui mar
trago ideias como espuma
sempre a fazê-las quebrar
nas areias uma a uma
Dos tempos em que sou gente
trago ideias como abraços
trazê-las é ir em frente
no caminho dos meus passos
Dos tempos em que for estrela
trago ideias como luz
e no espanto de trazê-la
é que a vida se traduz
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Anamar
Intérprete: Anamar no cd "M"
Intérprete: Anamar no cd "Anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
Intérprete: Né Ladeiras no cd "Anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
Dos tempos em que fui terra
trago ideias como cores
o poder que ali se encerra
é o aroma que há nas flores
Dos tempos em que fui mar
trago ideias como espuma
sempre a fazê-las quebrar
nas areias uma a uma
Dos tempos em que sou gente
trago ideias como abraços
trazê-las é ir em frente
no caminho dos meus passos
Dos tempos em que for estrela
trago ideias como luz
e no espanto de trazê-la
é que a vida se traduz
quinta-feira, outubro 14, 2004
Por um Cristo Nagô
POR UM CRISTO NAGÔ
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Chico César
Intérprete: Chico César e Né Ladeiras no cd "Da minha voz"
Ouvi da boca de um erê
Ouviste o quê? Ouviste o quê?
Ilê aiê guerra
Ilê aiê dor
Ilê aiê terra
Ilê aiê não tem cor
Eu vou sair na procissão
eu vou, eu vou
levo um Cristo no coração
que nunca ressuscitou
Ai, eu vou rezando, vou chorando
ai eu!, Nossa Senhora da Dor
ai eu vou chorando, vou levando
um Cristo morto em cada andor
Ouvi da boca de um erê
ouviste o quê? Ouviste o quê?
Ilê aiê guerra
Ilê aiê dor
Ilê aiê terra
Ilê aiê não tem cor
Eu vou sair lá no terreiro
eu vou, eu vou
e quem vai tocar pandeiro
vai ser um Cristo Nagô
Ah eu vou rezando, vou cantando
ah eu! Nossa Rainha do Mar
ah eu vou cantando, vou dançando
pra Cristo ressuscitar
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Chico César
Intérprete: Chico César e Né Ladeiras no cd "Da minha voz"
Ouvi da boca de um erê
Ouviste o quê? Ouviste o quê?
Ilê aiê guerra
Ilê aiê dor
Ilê aiê terra
Ilê aiê não tem cor
Eu vou sair na procissão
eu vou, eu vou
levo um Cristo no coração
que nunca ressuscitou
Ai, eu vou rezando, vou chorando
ai eu!, Nossa Senhora da Dor
ai eu vou chorando, vou levando
um Cristo morto em cada andor
Ouvi da boca de um erê
ouviste o quê? Ouviste o quê?
Ilê aiê guerra
Ilê aiê dor
Ilê aiê terra
Ilê aiê não tem cor
Eu vou sair lá no terreiro
eu vou, eu vou
e quem vai tocar pandeiro
vai ser um Cristo Nagô
Ah eu vou rezando, vou cantando
ah eu! Nossa Rainha do Mar
ah eu vou cantando, vou dançando
pra Cristo ressuscitar
quarta-feira, outubro 13, 2004
Memórias Antigas
MEMÓRIAS ANTIGAS
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Chico César
Um cigarro na Paulista
com mar a perder de vista
no que os olhos hão-de abrir
um silêncio de garôa
que me faz lembrar Lisboa
no instante de partir
Um murmúrio de cantigas
lembra memórias antigas
dos tempos que andei no mar
à procura de uma ideia
que um disfarce de sereia
não me deixou alcançar
Da janela do meu carro
lanço a ponta do cigarro
para o meio do capim
que desfaz um fogo de ânsia
porque o tempo e a distância
estão guardados dentro em mim
Vou de barco na Paulista
quem for velho que desista
vou de barco e vou à proa
pois no fim da avenida
há uma esquina perdida
noutra rua de Lisboa
terça-feira, outubro 12, 2004
Canção triste
CANÇÃO TRISTE
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "põe um bocadinho mais alto"
Hoje a manhã está triste
ou fui eu que acordei
sem ter a certeza se tu partiste
ou se sonhei
Eu sei que o sonho é feito de mistério
voz sumida
e que o difícil é escutar em stereo
sonho e vida
Sou um planeta em busca de estrelas
lua lua luz
mas por agora já me aquece vê-las
nos teus olhos nús
Hoje a manhã está fria
ou fui eu que escutei
uma voz que desde sempre ouvia
mas não liguei
Eu sei que agora é hora de acordar
ir embora
mas por enquanto deixo-me ficar
está frio lá fora
Sou um planeta em busca de estrelas
lua lua luz
mas por agora já me aquece vê-las
nos teus olhos nús
segunda-feira, outubro 11, 2004
Os homens que eu amei
OS HOMENS QUE EU AMEI
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Gonçalves
Intérprete: Tereza Tarouca
Os homens que eu amei
amei-os um a um
a todos me entreguei
e não amei nenhum
Os homens que eu amei
amei-os um a um
por todos eu chorei
e não me amou nenhum
Os homens que eu amei
amei-os um a um
a todos eu matei
e não morreu nenhum
Os homens que eu amei
amei-os um a um
por todos me matei
não me chorou nenhum
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Carlos Gonçalves
Intérprete: Tereza Tarouca
Os homens que eu amei
amei-os um a um
a todos me entreguei
e não amei nenhum
Os homens que eu amei
amei-os um a um
por todos eu chorei
e não me amou nenhum
Os homens que eu amei
amei-os um a um
a todos eu matei
e não morreu nenhum
Os homens que eu amei
amei-os um a um
por todos me matei
não me chorou nenhum
domingo, outubro 10, 2004
Boca escarlate
BOCA ESCARLATE
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Lia Gama no cd "Último beijo"
Rímel, batôn
pincéis e traços
qual é o tom
a cor dos abraços?
Um pouco de blush
um pouco demais
e talvez eu ache
a cor dos meus ais
Alguém me socorra
da minha boca escarlate
por ela talvez morra
talvez mate
Inúteis as fugas
de eye-liner na mão
não tapam as rugas
do meu coração
Ouro, rubi
talvez ninguém note
na dor que escondi
sob o meu decote
E quando no escuro
sozinha me vejo
procuro, procuro
procuro a cor de um beijo
Alguém me socorra
da minha boca escarlate
por ela talvez morra
talvez mate
Inúteis as fugas
de eye-liner na mão
não tapam as rugas
do meu coração
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Lia Gama no cd "Último beijo"
Rímel, batôn
pincéis e traços
qual é o tom
a cor dos abraços?
Um pouco de blush
um pouco demais
e talvez eu ache
a cor dos meus ais
Alguém me socorra
da minha boca escarlate
por ela talvez morra
talvez mate
Inúteis as fugas
de eye-liner na mão
não tapam as rugas
do meu coração
Ouro, rubi
talvez ninguém note
na dor que escondi
sob o meu decote
E quando no escuro
sozinha me vejo
procuro, procuro
procuro a cor de um beijo
Alguém me socorra
da minha boca escarlate
por ela talvez morra
talvez mate
Inúteis as fugas
de eye-liner na mão
não tapam as rugas
do meu coração
sábado, outubro 09, 2004
Zé pescador
ZÉ PESCADOR
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Jaime Santos (alexandrino)
Intérprete: Mª João Quadros no cd "Maria João Quadros"
Eu fui até ao cais
à procura do Zé
não o conhecem mais
ninguém sabe quem é
Alguém o viu passar?
não há quem me responda
dizem que foi pró mar
deitar-se numa onda
A maré quando encheu
apagou-lhe a beata
e quando o mar desceu
o Zé fez-se fragata
Perguntei nos cafés
toda a gente o esqueceu
encontrei tantos zés
mas nenhum é o meu
Um velho pescador
ainda se recorda
diz que o Zé é a dor
da rede que ele borda
E diz que se o meu Zé
partiu, a culpa é minha
levou-o a maré
das saudades que tinha
sexta-feira, outubro 08, 2004
O tempo dos anjos
O TEMPO DOS ANJOS
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Joaquim Campos (Fado Tango)
Intérprete: Anamar no cd "M"
Hoje acordei mulher
do homem que outrora fui
cada um é o que quer
no momento em que souber
o passo a que o tempo flui
Amanhã serei o oposto
da mulher que em mim invento
terei o eterno rosto
porque conheço de gosto
a velocidade do tempo
Então verás semelhantes
o que não queres e o que gostas
que as vidas depois estão antes
das horas que são instantes
das coisas que são opostas
quinta-feira, outubro 07, 2004
Vem devagarinho
VEM DEVAGARINHO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Fernando Girão
Intérprete: Rita Ribeiro no cd "deixo-me ir atrás do fado"
Meu amor eu não sabia
que ao beijar a tua fronte
o raiar de um novo dia
inundava o horizonte
Meu amor eu não sonhava
que o amor quando se canta
faz nascer mais uma oitava
dentro da nossa garganta
Meu amor eu não pensei
que pudesse acontecer
mas agora que já sei
já nem cuido de saber
Vem
basta andar devagarinho
Vem
pois se baixarmos a voz
alguém nos mostrará o caminho
onde se ouve Deus baixinho
a cantar dentro de nós
quarta-feira, outubro 06, 2004
Mar de Amália
MAR DE AMÁLIA
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Carlos Gonçalves
Intérprete: Manuela Cavaco no cd "Fado a sério"
Ao ver a fúria do mar
a bater contra um rochedo
quase consigo escutar
a voz da Amália em segredo
e as ondas querem cantar
e as ondas não têm medo
a noite fica acordada
porque a saudade não pensa
que debaixo da almofada
dorme aquela voz imensa
e canta a noite inspirada
e não lhe pede licença
quando o vento não se cala
e levanta o pó do chão
julgo ouvir a voz da Amália
que vem cantando um malhão
e o vento tenta imitá-la
e não lhe pede perdão
fico sentada à janela
de mão dada ao meu jardim
e às vezes ouço a voz dela
a cantar dentro de mim
e para poder merecê-la
vou cantar até ao fim
terça-feira, outubro 05, 2004
Duas nuvens
DUAS NUVENS
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Pedro Jóia
Intérprete: Ney Matogrosso no cd "Jacarandá"
Intérprete: Ney Matogrosso no cd "Canto em qualquer canto"
Tristes são os olhos de quem chora
um amor que pôs o pé na estrada
tentam convencer quem vai embora
que a estrada de ir vai dar em nada
luz que incendeia
corpos confusos
e um coração que anda à boleia
de desejos, mistérios e búzios
lágrimas que surgem na aurora
cristais de geada no lençol
gotas de um orvalho que evapora
na preguiça de um raio de sol
luz que clareia
corpos confusos
e um coração que anda à boleia
de desejos, mistérios e búzios
Olhos - duas nuvens a voar
sobre os céus
talvez sejam os teus ou os meus
vão na chuva, vão no vento, vão no rio, vão no mar
quando escutares o barulho
das ondas ao sabor da minha mágoa
sou eu que na pressa de um mergulho
fui me confundindo com a água
luz que prateia
corpos difusos
e um coração que anda à boleia
de desejos, mistérios e búzios
Olha - duas nuvens a voar
sobre o céu
talvez sejas tu ou seja eu
eu que sou chuva, que sou vento, que sou rio, que sou mar
segunda-feira, outubro 04, 2004
Sinhô
SINHÔ
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Chico César
Intérprete: Né Ladeiras no cd "Da minha voz"
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
Si o sinhô si discalçá
não lhi dou meu amô
que essas bota são tão lindas
como os óio do sinhô
Si o sinhô vié no mato
não vai me intendê nada
o amô não tem sapato
mas si dá numa risada
Meu pente é a brisa
o sol me queimou
tenho a pele lisa
que o rio beijou.
Ah, deixa eu durmi
porque si eu sonhá
no meio da noite
virá, o boto virá
Si o sinhô mi qué chamá
mi dê um nomi di flô
porque eu vou lhi amá agora
mas depois não sei si vou
Si o sinhô mi dé um nomi
eu me amarro no seu pé
eu não sei chamá um homi
mas sei sê sua muié
Meu pente é a brisa (etc)
Si o sinhô mi dé brilhante
eu lhi dou outro presente
di como as vozes dos bicho
fala mió do que a gente
Si o sinhô mi dé sapato
eu não vou querê calçá
eu quero deitá cuntigo
mas num quero sê sinhá
Meu pente é a brisa (etc)
domingo, outubro 03, 2004
Lafaek
LAFAEK
Letra: Tiago Torres da Silva/Música: Pilar Homem de Melo
Intérprete: Pilar Homem de Melo no cd "Não quero saber"
Intérprete: Anamar no cd "anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
Nas costas de Lafaek eu vou
a mergulhar do céu no mar que eu sou
e o meu olhar atrás do sonho
vai vai vai
no mar que em mim mergulha
Descubro estrelas dentro de ilhas
nos olhos passam mais noites do que dias
e a minha voz atrás do vento
vai vai vai
Indo sobre o mar
indo sobre o mar
na luz de nascer indo
Ó mehi, ó matene mehi?
Nas asas de Lafaek eu vou
a desvendar a onda que me sonhou
e escuto búzios que num eco
vão vão vão
multiplicando o mar
A lua brilha em cada espuma
é sempre a mesma e sempre... sempre mais uma
e a sua luz dentro de mim
vai vai vai
Indo sobre o mar
indo sobre o mar
na luz de nascer indo
Ó mehi, ó matene mehi?
sábado, outubro 02, 2004
Meu amor abre a janela
MEU AMOR ABRE A JANELA
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Armando Machado (Fado Santa Luzia)
Intérprete: Mª João Quadros no cd "Maria João Quadros"
Intérprete: Beatriz da Conceição (na música da MArcha de Raul Pinto no show "meu corpo"
Intérprete: Joana Costa (na música do fado cravo) no cd "Recado"
Intérprete: Mafalda Arnauth (com música de Luis Pontes) no cd "Flor de fado"
Meu amor, abre a janela
que eu vou passar junto dela
quando chegar a tardinha
mas não chames o meu nome
porque a saudade encontrou-me
e eu posso não estar sozinha
Prendi no peito uma flor
que diz mais do meu amor
do que promessas sem fim
mas não venhas a correr
que ninguém deve saber
o que tu sentes por mim
E depois não tenhas medo
que eu sei amar em segredo
e vou passar de mansinho
sem levantar a cabeça
pra que ninguém me conheça
tu podes não estar sozinho
Só quando a noite cair
é que me atrevo a subir
para te pôr na lapela
a flor da minha saudade
mas como o frio nos invade
meu amor, fecha a janela!
sexta-feira, outubro 01, 2004
Mergulhando
MERGULHANDO
Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Fábio Tagliaferri
Intérprete: Rodrigo Rodrigues no cd "Só um é muito só"
Intérprete: Anamar, Né Ladeiras e Pilar no cd "Anamar, Né Ladeiras e Pilar ao vivo"
Onda vem
onda vai
embala as noites mãe
noites que o tempo distrai
numa onda que não vem
mas que nasce no mar também
e é onda como eu sou ninguém
Onda-tua
onda-gente
afoga um céu de lua
e o sol em quarto-crescente
parece dizer que é gente
parece dizer sou sua
e por eu ser sua
o mar se faz gente
e o sol se levanta mais quente
pra me ver com roupas de nua
molhada do cair da lua
veja o sul no meu olhar
veja o sal na minha mão
e que as ondas quebrem no mar
a espuma do meu coração
ondas vão...
Assinar:
Postagens (Atom)